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13 de mar. de 2016

13 NUNCA FOI MEU NÚMERO DE SORTE... MEU NÚMERO ELEITORAL? SIM! (1)
  
Por Luiz Orleans



 

Discordo em vários aspectos do senhor Mauro Iasi, no que tange à tática exposta em seu artigo “A crise do PT: o ponto de chegada da metamorfose”[1]. Contudo, há pontos em sua análise que devemos considerar, haja vista que o cenário que vivemos está para "quanto pior melhor" aos interesses da oposição de direita.


O dia será longo. Se não chover cântaros para amaciar os ânimos dos espíritos contaminado pelo ódio de classes, teremos um quarto domingo do ciclo quaresmal (13/03/2016) como nunca.
Pessoas comuns, alçadas a um novo patamar pela garantia de direitos a partir de políticas públicas mitigatórias, que acenaram para a inclusão de milhões às categorias econômicas C e D, agora crendo-se prejudicadas pelo governo Dilma e seu partido, o Partido dos Trabalhadores (PT), identificando-os como "reais promotores" da crise política que aprofunda a crise econômica (sic), resolvem abandonar sua passividade ao  trocar as reflexões em suas igrejas, antecedendo ao Domingo de Ramos, quando os cristãos católicos e outras denominações  tratam em suas prédicas dos preparativos para a entrada "carnavalesca" de Jesus em uma Jerusalém ocupada pelo Império romano, montando um jumento -  ao arrepio de uma elite nativa avessa a qualquer messianismo revolucionário -, próprias da caridade cristã por um domingo de sol no convívio com próceres da teologia da prosperidade, políticos ultra-direitistas, empresários “descontentes”, celebridades-de-cachê, proto-fascistas de plantão, socialites despudoradas, além de toda sorte de estranhos filisteus da cultura pós-modernos.
Postagens de selfs ao lado de gendarmes de Alkimin, a nudez de louras de farmácia, a famigerada “dancinha do impeachment” são parte das tantas alegorias da tarde que se avizinha.
A semana correu em clima de perseguição, tendo membros do Ministério Público paulista atentado contra o que se tem de mais razoável no direito positivo: o Princípio da Presunção de Inocência (CF, art. 5°, § LVII), e mais ainda, em se tratando de um ex-Presidente da República, o senhor Luís Inácio Lula da Silva, com residência fixa, e notória condição de relevância política e social. Na escala de um golpe branco, três zelosos promotores produziram uma peça de mais de 200 páginas onde cabia toda e qualquer possibilidade, até uma parceria do filósofo Friedrich HEGEL, maior expoente do idealismo alemão, com Karl MARX, notório materialista, na consecução do “Manifesto do Partido Comunista” (sic), ainda que o primeiro tenha falecido em 1831, e o dito “Manifesto” lançado em 1848, com outro Friedrich: o ENGELS...
Para os três candidatos a programa de humor ao estilo “Irmãos Marx”, caberia, aqui um detalhe, a alusão ao humor sincero de Groucho, ao explicar sua proposta de ética pessoal: “Estes são os meus princípios. Se não lhes agrada, tenho outros”[2]. Sinceramente, não quero conhecer os “outros” de Conserino, pois isso me assusta ao passo que tenho filho para criar. Sendo assim, quero crer que ainda vale – pelo menos até o momento dessa postagem – o Art. 5 da Constituição Federal de 1988, que reza: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: [...] e em seu Inciso (§) LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória; [...]
Em tempos de quaresma, me vem a necessidade de considerar a caridade como um bem sobrenatural. Para tanto, tenho buscado a leitura de textos que simbolizam minha fé e experiência política. Reproduzo algum desses ensinamentos:
Boris Gunjević, ao abordar acerca dos Evangelhos de Marcos, nos presenteia com a seguinte observação: "o cego Bartimeu é o único que vê quem é Jesus, e ao curá-lo Jesus mostra que todos ao redor de Bartimeu são cegos"[3]. O mesmo fala em "ortodoxia social", numa Palestina ocupada, onde as forças da ordem se misturam entre aqueles que mandam, os que sabem porque são mandados, os que obedecem pois não têm outra saída, e aqueles que nem sabem que são mandados - apenas fazem o que é certo e está na ordem das coisas. Para nós, uma similaridade com a atualidade do mesmo-de-sempre.
Estaria aí, então, a chave para entendermos a realidade de um acirramento da luta política, acendendo o estopim de uma luta de classes promovida pela quebra de "contrato" entre Lula, a elite nativa e o império romano moderno? O lulismo ainda reflete a relação patriarcal-benevolente para com o precariado?

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[1] “A crise do PT: o ponto de chegada da metamorfose”, IASI, Mauro. Disponível em: http://blogdaboitempo.com.br/2016/03/10/a-crise-do-pt-o-ponto-de-chegada-da-metamorfose/  Acesso em: 13.mar.2016
[3] "Rezai e observai: a subversão messiânica", de Boris Gunjević, In "O Sofrimento de Deus: Inversões do Apocalipse" (ŽIŽEK, Slovaj; GUNJEVIĆ, Boris; Ed. Autêntica, Belo Horizonte, 2015)